
se observarmos a Natureza, notaremos que existe uma relação imutável entre hospedeiros e parasitas. O parasita progride e se desenvolve cada vez mais, de forma descontrolada, enquanto o hospedeiro regride, atrofia, decresce, até que seu organismo sucumba ou reaja extirpando ou expulsando o parasita.
Constatamos três situações bem distintas: uma convivência pacifica e equilibrada entre parasita e hospedeiro; progresso e desenvolvimento descontrolado do parasita e consequente morte do hospedeiro ou a reação orgânica do hospedeiro com a expulsão ou morte do parasita.
Somente a convivência harmoniosa entre parasita e hospedeiro permitirá a subsistência dos dois. Caso isso não aconteça, um ou o outro, ou os dois, deixarão de existir.
Para se ter uma ideia da idade da Terra comparada com o tempo que o ser humano a habita, imagine o número de segundos que existe em um ano. Se fizermos a conta, teremos 31.536.000 segundos. Os últimos 2 segundos representam o tempo do homem sobre a face da Terra.
O planeta se formou, amadureceu e, nos primórdios, criou as condições para o desenvolvimento da vida vegetal. Depois apareceu a vida animal e, finalmente, surgiu, nos últimos instantes, o homo sapiens, o predador, a doença do planeta que, em analogia ao nosso corpo, iniciou suas atividades como uma leve gripe e se transformou, a partir do início do século XX, numa fulminante tuberculose, pondo em risco a subsistência do planeta, o hospedeiro do homem.
Nosso planeta está doente, mutilado, com suas reservas destruídas ou contaminadas. Estamos nos comportando como vírus, amebas e bactérias, embora nos consideremos seres pensantes e inteligentes. Não percebemos que somos exploradores, parasitas do planeta Terra, destruindo o nosso hospedeiro, nossa casa. A Natureza está avisando, chamando nossa atenção com as catástrofes, comodamente designada pela sociedade como naturais.
Se providências não forem tomadas com urgência, podemos estar à beira do extermínio da espécie humana – se isso acontecer, o meio ambiente e as outras espécies em geral agradecerão, por se sentirem aliviadas, livres de uma presença incomoda –, ou, num cenário “mais ameno”, poderemos ter um acidente em grandes dimensões, provocado pelo homem na sua busca desenfreada do poder e do consumo, com, por exemplo, uma guerra nuclear.
Numa hipótese mais “lúdica”, a sociedade poderia voltar à razão e ao equilíbrio, ou pelo menos tentar. Mas essa ideia, hoje, parece estar mais para ficção do que realidade. O tempo está passando e a situação está se tornando praticamente irreversível.
A sociedade moderna, embora composta por seres pensantes, no seu consumismo irracional e desbragado, está se comportando como parasitas, vivendo o hoje e esquecendo o amanhã de nossos filhos e netos.
Totus Tuus, Maria
Fotos/ilustrações: divulgação

Engenheiro Químico e Especialista em Gestão de Tecnologia Ambiental (o colunista faleceu em 2012) (mensagens enviadas a este colunista serão respondidas pela Redação do Portal Terceira Idade)