estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que quase 40% da população mundial sofre de halitose, conhecida popularmente como mau hálito. Apesar de não ser considerada doença, é um sinal ou sintoma de que existe alguma alteração no organismo.
“Com o crescimento anormal das populações de bactérias anaeróbicas em locais do trato digestivo e respiratório, aumenta-se, automaticamente, a quantidade de substâncias químicas e gasosas produzidas por elas no metabolismo. Em concentrações elevadas, estas substâncias alteram a qualidade do ar expirado (hálito), conferindo-lhe um odor desagradável, que às vezes chega a ser ofensivo”, comenta o doutor Gilberto Borges de Brito, chefe do Serviço de Esôfago/Estômago e Cirurgia Bariátrica do Hospital de Base-FUNFARME, de São José do Rio Preto, no interior de São Paulo e também professor adjunto do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp).
O mau hálito não vem do estômago
Ainda segundo o especialista, ao contrário da crença popular, o mau hálito não vem do estômago. Ele explica que de 90% a 95% das vezes origina-se da garganta para frente. “A doença do refluxo gastro-esofageano (o conteúdo gástrico do estômago volta para o esôfago e, às vezes, chega até a cavidade oro-faringeana, trazendo restos alimentares que nutrem as bactérias anaeróbicas ali presentes, favorecendo sua proliferação) tem contribuição indireta para a halitose. Somente cânceres avançados, ulcerados e necrosados no estômago, no esôfago e na faringe poderiam causar mau hálito severo”, complementa Brito.
Estresse e baixo consumo de água podem causar mau hálito
Entre as causas mais frequentes do problema está a diminuição no fluxo salivar. O que acontece é que a saliva ajuda a eliminar as bactérias no intervalo entre as higienizações, porém, quando a sua quantidade é escassa, a boca fica seca e as bactérias responsáveis pelo odor ruim aumentam. Alguns dos motivos para isso acontecer são estresse, respiração pela boca e baixo consumo de água.
Além disso, o franqueado da OdontoCompany de Guarulhos-Taboão, em São Paulo, Daniel Henrique de Lima, e a responsável técnica da clínica, Tatiana Coelho Barreiro (foto), relatam que a má higienização bucal é outra responsável pela halitose. “A falta de cuidados com os dentes provoca doenças periodontais como a gengivite e que, em conjunto com a má higienização da língua, ocasiona a saburra lingual (também conhecida como biofilme lingual, ela se caracteriza por uma placa bacteriana de cor amarelada)”, afirmam.
Cárie aberta e extensa, feridas cirúrgicas e abscessos, diabetes descompensado, insuficiência renal crônica e até mesmo os primeiros sinais de doenças mentais e neurológicas também são causadores do mau hálito, assim como cirrose hepática, diverticulose intestinal, faringite e amigdalites, especialmente a caseosa.
Beber muita água ajuda a controlar a halitose
Embora se manifeste de forma desagradável e tenha mais de 60 causas distintas, segundo a Associação Brasileira de Halitose (ABHA), o mau hálito pode ser evitado ou controlado. Para fazer o diagnóstico correto, é preciso uma boa anamnese (entrevista do médico com o paciente) e um detalhado exame clínico. Fora isso, é fundamental determinar a causa do odor e, assim, introduzir o melhor tratamento.
“Alguns casos podem exigir a participação de especialistas de diferentes áreas, mas, sendo de origem local, a boa higienização da boca e da língua (escovação três vezes ao dia, uso de fio dental e raspador lingual), o controle da alimentação e a ingestão diária de dois a três litros de água já resolveria”, garantem os responsáveis pela OdontoCompany de Guarulhos-Taboão.
Modo de vida
Também é importante a manutenção da saúde geral, levar uma vida saudável, evitar o excesso de bebidas alcoólicas, controlar o estresse e consumir alimentos saudáveis como frutas e verduras. Para prevenir a halitose, ainda se faz necessário manter as escovas dentais limpas e descontaminadas. Isso porque uma boca saudável e uma flora bucal equilibrada podem ser alteradas por contaminação e recontaminação de bactérias escondidas nas escovas.
E, para quem costuma ingerir alimentos que se aderem mais às papilas linguais, como alho, cebola, leite, queijos e molhos, a orientação é consumir um alimento adstringente em seguida. Alguns exemplos são laranja, maçã, pepino, gengibre, hortelã ou salsa.
DICAS PARA PREVENIR O MAU CHEIRO BUCAL
Beber bastante água | Isso ajuda a evitar o mau hálito, já que uma das principais causas para o problema é a boca seca. |
Escovar sempre os dentes | Apesar do mau hálito não significar necessariamente falta de higiene, a falta de escovação pode produzir bactérias e o mau cheiro irá aparecer. O uso do fio dental e a escovação na língua também são essenciais. |
Cuidar da alimentação | Alguns alimentos, como cebola, alho, brócolis e couve causam mau hálito, o que se resolve facilmente com uma boa escovação. Porém, certas dietas podem ser prejudiciais ao hálito, como cortar totalmente o carboidrato do cardápio. |
Ficar atento aos sinais | Quem acha que está com odor ruim na boca deve pedir a confirmação alguém da família ou a um amigo próximo. Muitas vezes, quem tem halitose não percebe e é necessário que terceiros apontem o problema. |
Procurar um dentista | Assim que identificar o mau hálito, é imprescindível procurar um dentista. Na maioria das vezes, o problema é facilmente resolvido e evita que o paciente passe por situações desconfortáveis. |
Foto: Ivana Debértolis
Ilustrações: divulgação
Fonte: OdontoCompany
Redação do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a equipe de redação do Portal Terceira Idade)