“Eu me perdi de mim mesma”. Assim descreveu a Sra. Augustine D., sobre sua terrível doença, descoberta em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer (1865-1915), quando, então, pela primeira vez, ele apresentou e descreveu para a comunidade científica o caso dessa sua paciente. De lá para cá, nesses últimos 105 anos, pouco progresso terapêutico se fez em relação à identificação exata das causas e de como tratar eficazmente essa tão devastadora doença mental.
A doença de Alzheimer (DA), também chamada de demência senil do tipo Alzheimer, ou demência degenerativa primária do tipo Alzheimer, é a demência mais comum, seguida da demência vascular. Sua prevalência aumenta conforme a população envelhece.
A população mundial acometida por essa doença é estimada em 17 a 25 milhões de doentes. Em 2050, espera-se, aproximadamente, 106,2 milhões de novos casos de doença de Alzheimer no mundo. Os gastos anuais, por paciente, em países desenvolvidos, gira em torno de U$ 18.000,00 e nos países pobres esse valor cai para, absurdos, U$ 1.500,00 por ano, em média, ou seja, U$ 125,00 por mês. O que dá a quantia irrisória de R$ 223,75 por mês (na cotação da moeda americana de Junho de 2011), menos da metade do atual salário mínimo vigente no nosso país.
A Doença de Alzheimer pode ser classificada como precoce (familiar) ou tardia. A precoce, como o próprio nome diz, surge dos 35 aos 50 anos, conta de 5% a 15% dos casos. E a tardia, a mais comum, surge após os 65 anos. Há uma maior frequência da Doença de Alzheimer em mulheres. Quando não se consegue fechar o diagnóstico da doença de Alzheimer, classifica-se o quadro como síndrome demencial.
Um fato bastante assustador da doença de Alzheimer é que as evidências científicas mostram que o início propriamente dito e as primeiras alterações da doença surgem 20 anos antes do diagnóstico clínico da doença.
Embora cada doente de Alzheimer tenha o seu curso individual de doença, há muitos sintomas comuns. Os sintomas precoces mais observados são queixas que os parentes próximos, equivocadamente, relacionam como típicas da idade do sujeito afetado, do seu próprio envelhecimento ou até como manifestação de stress dele.
No estágio prédemencial da doença de Alzheimer, um dos 4 estágios característicos da doença (prédemencial, inicial, moderado e o avançado), o sintoma mais comum é o esquecimento, que pode ser interpretado também como incapacidade de adquirir novas memórias e dificuldade de relembrar eventos recentes. Pode haver, também, dificuldade de evocar palavras familiares e de aprender novos assuntos. Alterações no julgamento e no comportamento social podem igualmente estar presentes nessa fase. A apatia costuma ser um sintoma neuropsiquiátrico presente do início ao fim da doença, às vezes confundido com depressão.
Conforme a doença avança, sintomas como confusão, irritabilidade, agressão, mudanças de humor, colapso da linguagem, perda da memória de longo prazo, incapacidade para reconhecer seus parentes, desempenhar as atividades básicas de vida diária, bem como as atividades instrumentais de vida diária (como telefonar para alguém, ligar a televisão etc.) vão se perdendo. E a “ausência” geral do doente vai cada vez mais predominando, conforme seus sentidos declinam.
Gradualmente, suas funções orgânicas são perdidas levando-o a morte. O prognóstico individual é sombrio e difícil de ser estimado, como também a duração da doença. Em termos gerais, há tratamentos, mas não há cura para a doença.
A doença se desenvolve insidiosamente por um período indeterminado antes de se tornar aparente, e pode permanecer sem diagnóstico correto por anos. A média de expectativa de vida após o diagnóstico é de aproximadamente 7 anos e menos de 3% vivem mais do que 14 anos após o diagnóstico.
Atualmente, os tratamentos disponíveis oferecem ainda pouco benefício sintomático, sejam eles medicamentos novos ou antigos. Nenhum tratamento convencional tem conseguido retardar ou paralisar a progressão da doença até o presente momento. Várias estratégias terapêuticas medicamentosas, conservadoras, não invasivas, e mesmo mudanças de hábitos de estilo de vida, têm sido propostos para prevenir e tratar a doença de Alzheimer, mas ainda há falta de evidências científicas consistentes e volumosas que liguem essas estratégias à redução da degeneração cerebral do doente de Alzheimer. Dieta equilibrada, estimulação da mente, atividade intelectual e exercícios físicos, têm sido propostos como uma maneira de prevenir e manejar a doença.
E justamente porque a doença de Alzheimer ainda não pode ser curada e porque os medicamentos neuropsiquiátricos não são eficazes para impedir o declínio cognitivo, que o cuidado adequado do doente de Alzheimer e a mente aberta e atenta dos familiares e profissionais de saúde para novas abordagens terapêuticas são fundamentais.
Acupuntura no combate à doença de Alzheimer
É nessa janela que se abre para novos tratamentos que surge a possibilidade terapêutica da acupuntura contribuir para o combate à doença de Alzheimer.
Se considerarmos todas as hipóteses de causa da doença de Alzheimer, a acupuntura seguramente pode contribuir para combater várias delas, pois ela atua como reguladora, tanto no nível molecular, neurobioquímico, quanto no nível dos fatores neurotróficos, no nível dos neurotransmissores e neuropeptídeos, e no nível do sistema nervoso central, periférico e autonômico, só para citar algumas de suas ações.
Mas, apesar das pesquisas sobre a influência da Acupuntura na doença de Alzheimer e em outras demências serem ainda pouco numerosas, e as mais impactantes, até o momento, terem sido publicadas em língua chinesa, e as ocidentais apresentarem problemas metodológicos, as evidências acumuladas, empírica e clinicamente, até o momento nos parece mostrar que vale muito a pena incluir a acupuntura no programa de reabilitação cognitiva do doente de Alzheimer.
Fotos/ilustrações: divulgação
Redação do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a equipe de redação do Portal Terceira Idade)