É hora de dormir, você está cansado… Você se deita, espera o sono chegar… Você se vira para um lado, se vira para outro lado… E nada… “Será que contar carneirinhos ajuda?”, você pensa… Se você acha que é a única pessoa que passa por isso quase todos os dias, relaxe, você não está sozinho…
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 40% da população apresentam algum tipo de distúrbio do sono e, consequentemente, sentem dificuldade para dormir. Entre eles, o mais comum é a insônia, que prejudica o sono de pelo menos 73 milhões de brasileiros, segundo estimativas da Associação Brasileira do Sono (ABN).
O sono é mais importante do que imaginamos
O período de sono preenche cerca de 1/3 de nossas vidas. Como ficamos inconscientes durante este período, temos a tendência a dar pouca importância a ele, reconhecendo somente que ele deva ter algum papel na nossa recuperação física e mental. Nós nos sentimos bem quando dormimos uma boa noite de sono. Porém, dormir tem muito mais utilidade para nossa saúde do que imaginamos e durante a velhice este período se torna ainda mais importante.
Sono na terceira idade
Quando chegamos à terceira idade, muitas das funções do organismo não mais as mesmas. Com o sono, isto não é diferente. Passamos a dormir menos e com pior qualidade. Vamos para a cama mais cedo e acordamos mais cedo ainda, na maioria das vezes sem necessidade. Acordamos várias vezes à noite, o que é chamado de fragmentação do sono. Além disso, temos maior facilidade de cochilar durante o dia quando envelhecemos, o que nem sempre é saudável. Cochilos diurnos frequentes podem indicar alguma doença do sono ou algum prejuízo à saúde geral dos idosos.
O sono normal é dividido em várias fases. Algumas delas são essenciais para a recuperação física e mental. A última fase do sono, por exemplo, é fundamental para a boa saúde física e diminuição do risco de doenças crônicas, como hipertensão arterial, diabetes e obesidade. Esta fase diminui progressivamente com a idade. O sono ruim também prejudica as funções cognitivas, inclusive a memória. Os idosos que dormem mal também se queixam mais de dores e de depressão.
“Não consigo dormir com esse ronco…”
Como a maior parte das doenças crônicas, as doenças do sono também são mais comuns com o envelhecimento. A apneia obstrutiva do sono é mais vista entre os idosos e prejudica muito a saúde, elevando o risco de infarto, acidente vascular cerebral (derrame), problemas de memória, quedas e queixas dos cônjuges, já que se associa a presença de roncos que incomodam a pessoas que dormem próximas de seus portadores.
Carneirinhos…
Pra você que não está a fim de ficar contando carneirinhos para dormir, seguem algumas dicas bem simples:
- Não fique olhando a tela do seu celular antes de dormir. Pesquisas mostram que o tipo de luz da tela desses aparelhos prejudica o sono que está por vir;
- O mesmo se aplica à luz dos monitores de TV e computadores. Evite usá-los perto da hora de deitar;
- Tomar café e fumar – este último, tentar evitar sempre – ativam regiões do cérebro, o que não é recomendado para quem está a fim de “apagar a mente”;
- Tomar um banho gostoso antes de dormir ajuda a relaxar o corpo – e a mente;
- Evite pensar muito nos problemas que você tem que resolver no dia seguinte. Você não vai conseguir resolvê-los antes de dormir. Com a luz do dia, a mente clara e uma noite bem dormida, você vai ter melhores resultados. Experimente!
E você, quantos carneirinhos será que vai contar hoje à noite?
Fotos/ilustrações: Portal Terceira Idade / divulgação
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Ronaldo Delmonte Piovezan
Geriatra do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP) (atualmente reside e trabalha na Austrália) (clique aqui para falar com o colunista)