o1º Pan começou com um fato inespesperado. Os organizadores adiaram o início dos jogos em um dia como compensação aos atletas pela exaustiva festa de abertura, que teve a presença do presidente da Argentina, Juan Domingo Perón. A competição começou em 25 de fevereiro e terminou no dia 8 de março de 1951, em Buenos Aires, na Argentina.
A Argentina dominou o quadro de medalhas, pois os EUA, sem verba, não tiveram força máxima. Mas a euforia da Argentina não correspondia com os problemas que ocorreram durante os jogos, propaganda política, problemas de organização e falhas da arbitragem marcaram o evento.
A arbitragem no boxe, integrada só por argentinos, foi alvo de reclamações generalizadas, pois constantemente favorecia os pugilistas de casa, que arrebataram todos os títulos. Pelo Brasil, a derrota contestada foi a do peso médio Paulo Sacoman, que depois cumpriria boa carreira profissional.
Confusão maior ocorreu na velas. Brasil e Chile, que não foram avisados a tempo sobre o cancelamento das provas, apareceram para competir. Diante disso, foram promovidas disputas na star e na snipe.
O destaque do Brasil foi o nadador Tetsuo Okamoto, ouro nos 400 m e 1500 m livre que, em 1952, levou o bronze olímpico.
Adhemar Ferreira da Silva venceu o salto triplo um ano antes de ganhar o primeiro de seus dois ouros olímpicos. Robert Richard (EUA), professor de teologia e apelidado de “Vigário Voador”, venceu o salto com vara repetindo o feito nas Olimpíadas de 1952 e 1956.
Mas em 1951 tivemos a participação (única em Pans) do homem que faria do futebol mundial a força que é hoje, João Havelange (foto), que começou na natação, na qual disputou os 400 m e 1500 m na Olimpíada de Berlim em 1936 e, paralelamente a essa carreira, praticava pólo aquático desde 1935. Na nova modalidade ganhou a medalha de prata no Pan de 1951. O Brasil só perdeu para a Argentina na final, e foi à Olimpíada em Helsinque, 16 anos depois de sua estréia.
Segundo Havelange, apesar de ter sido somente uma vez, essa participação lhe trouxe lições que seriam seguidas por ele na carreira de dirigente. “Aprendi a respeitar os adversários, compreender o valor das instalações e a organização de jogos dessa natureza. Enfim, aprendi a respeitar o que nos ofereciam”, afirmou Havelange. “E, com base nisso, ao chegar à Fifa como presidente, tentei oferecer uma nova administração ao desenvolvimento total do esporte”, acrescentou.
Na 3ª parte desta série, estarei contando mais sobre a história dos Jogos Panamericanos. Até lá.
Foto: reprodução
Coordenadora de redação e interatividade do Portal Terceira Idade (clique aqui para falar com a colunista)